Barthes dizia que a “narrativa está presente no mito, lenda, fábula, conto, novela, epopéia, história, tragédia, drama, comédia, mímica, pintura (pensemos na Santa Úrsula de Carpaccio), vitrais de janelas, cinema, histórias em quadrinhos, notícias, conversação. Além disso, sob esta quase infinita diversidade de formas, a narrativa está presente em cada idade, em cada lugar, em cada sociedade; ela começa com a própria história da humanidade e nunca existiu, em nenhum lugar e em tempo nenhum, um povo sem narrativa. Não se importando com boa ou má literatura, a narrativa é internacional, trans-histórica, transcultural: ela simplesmente está ali, como a própria vida”. O que você já narrou hoje? Que perguntas fez a si mesmo? Aos filhos? O que desejou contar para um estranho? Ou perguntar? Teve vontade de escrever tudo ao contrário, rebubinar o dia?
Pois bem: narrativas não ditas, mas observadas, nos fazem olhar ao redor com mais sensibilidade. Já reparou, por exemplo, como poucos casais caminham de mãos dadas? Isso me fez lembrar um artigo do Moacir Scliar, de 2008, que gosto muito e compartilho.