“Visto de cima, o Twitter já é uma corrente de ar e de poesia espontânea que circula o globo”, diz Faith Popcorn, uma das futurólogas mais bem pagas dos EUA e consultora da BrainReserve. Segundo ela, a web tem bibliotecas, igrejas, cafeterias, submundos, bares, entre outros setores, e para construir uma boa reputação é preciso seguir quatro regras básicas: recuperar, reduzir, descansar e re-inventar. Outro entusiasta dessa nova fase do digital é Derrick de Kerckhove, doutor em língua e literatura francesa pela Universidade de Toronto. Para ele, “vivemos em uma condição digital: imaterial, imersiva, cognitiva. O digital representa a segunda fase da eletricidade, a fase cognitiva”. Correntes de ar, eletricidade cognitiva, enfim, texturas sociais que cada vez mais permeiam nosso dia a dia neobarroco.
Venho batendo nessa tecla desde 2006 e ainda alguns gestores se surpreendem quando digo que precisamos ser bons gestores de comportamento, um mix de habilidades e conhecimentos interdisciplinares que contemplam a psicologia, passa pela cognição, autoestima, práticas holísticas e uma gestão da comunicação voltada para o cidadão.
O cidadão comum é o porta-voz do século XXI. Dois exemplos que ilustram bem essas poesias coletivas. O FML, um site construído por essa corrente anônima, que via Twitter ganhou força. É uma coleção de anedotas e histórias do cotidiano que podem acontecer a qualquer um e a todos. É um espaço onde o leitor se descontrai e partilha pequenas coisas que estragam seu dia. Os posts começam com: ´Hoje´ e terminam com ´FML´. O sucesso foi tamanho, que acaba de ser lançada a versão em espanhol.
O Coletivo Sem Ruído – (quase) um microconto por dia – é outro exemplo. Já contabiliza 194 contos. Além dos textos ficcionais, as fotos podem ser compartilhadas no Flickr. Um tecer coletivo que me faz lembrar Paulo Leminski, Décio Pignatari e os irmãos Campos, Augusto e Haroldo.
Coluna publicada pela autora em fevereiro na rede Nós da Comunicação