Sintomas da pós-verdade: Compramos demais, comemos demais, bebemos demais, teclamos demais, trabalhamos demais, fazemos exercícios demais, contudo, falamos de menos sobre tristeza, falta de sentido, dificuldades, desencontros. Diferenças então? Nem pensar.
“O que a vida quer da gente é coragem, como diz Guimarães Rosa. Coragem para batalhar pelo ser humano, pela verdade, pelo coletivo, em detrimento do eu, pelo debate público, por justiça, por educação, por saúde, por mais empregos do que por novas tecnologias. Por fact-checking em todas as empresas, em todos os departamentos de Comunicação das marcas, por fact-checking nas escolas.
Por mais fatos do que desejos. Fatos viram história no futuro. Desejos só alimentam os egos da sociedade de consumo. Nos próximos 30 anos teremos milhões de desempregados, substituídos pelo Bigdata, pela tecnologia. O avanço da tecnologia é mais rápido do que o avanço educacional. Estamos perdendo uma grande batalha se aceitarmos a era da pós-verdade como certa. Mais de um terço do planeta será de refugiados sem pátria, sem perspectiva.
A batalha da checagem dos fatos é muito maior do que um grupo de jovens que ganham dinheiro produzindo fake news na Macedônia ou no interior de São Paulo. A batalha da checagem dos fatos é em prol de um mundo onde o senso crítico prevaleça, onde os cidadãos consigam avaliar e decidir melhor. Um mundo onde as pessoas sejam menos manipuladas pela mídia”. (trecho inédito de “Como sair das bolhas e compartilhar fatos”, novo livro saindo do forno.