Já li muita coisa sobre o choque geracional no ambiente corporativo, mas o post do Wellington Miranda é muito especial, pois ele propõe um molde que liberasse a Geração Z, não como nova, mas como fruto da comunhão de X e Y. Vale a pena refletir sobre o assunto nesse início de semana. Segue o artigo na íntegra.
“A geração ouvindo-som-no-trabalho vem sendo denominada Geração Y, por se constituir em segmento diferenciado no ambiente de trabalho, principalmente nas empresas onde as outras gerações têm assento como maioria. Nestas empresas, os Y convivem com outras tribos, algumas mais conservadoras outras mais abertas, mas nada que se assemelhe aos Y. Estes são citados de maneira bem característica, na mídia dirigida aos temas de relações no trabalho, carreira, etc. Este aparente dá a entender que os Y são uma empresa dentro da empresa, algo assim, pelas diferenças em relação aos demais grupos, ou ao grupo restante. Começa no vestir, termina no acreditar. O despojamento externo guarda sintonia com o interno, onde as ligações fraternas com a empresa pouco significam, eis que a busca pela vivência frenética e com múltiplas atividades não deixa laços muito apertados. A tudo isso se soma a fé nas conquistas rápidas e no sucesso prematuro.
Pessoalmente, com rasgos isolados de Y na vida profissional, sempre defendi muitas de suas características, a começar pela medida do resultado e não da atividade em si. A preocupação das chefias, ainda hoje muito frequente, com a assiduidade como meta isolada, faz com que se perca tempo e foco no que realmente interessa, que é o trabalho bem feito, a base para o resultado, e o próprio resultado pretendido pela empresa.
Sou adepto da liberdade com responsabilidade, não significando isto que o profissional pode entrar e sair a hora que quiser na empresa. Não é assim. Mas pode ter um horário flexível, num ambiente em que eventual atraso ou saída antecipada, não signifique o mau humor da chefia. É preciso observar os profissionais no ambiente de trabalho e entender qual seu conceito de “liberdade com responsabilidade”. É natural que ocorram desvios, o importante é manter o diálogo aberto de forma a que ambas as partes possam ter conforto em se expressar, em falar de seus procedimentos, até que um consenso seja atingido. Tendo interesse em um profissional, é dever da chefia moderna reter o mesmo na empresa, a começar pela observação e pela fatal constatação que as pessoas são diferentes, e assim trabalham e agem de formas diferentes.
Por outro lado, os Y também devem ser bons observadores, eis que em seu ambiente de trabalho certamente encontrarão a Geração X e outras letras, composta de pessoas mais idosas e que cresceram e trabalharam com outras influências, outras perspectivas e outras crenças. Os mais novos olham muito para a frente e quase sempre têm pressa. No trabalho, não devem perder estas características, pelo lado positivo e pelos estímulos que proporcionam na busca do sucesso. Mas devem aprender a observar os X e as outras letras, conversar com eles e pensar sobre o que eles fazem e falam.
Numa empresa em que convivem várias gerações, o passado responde em grande parte pelo sucesso do presente. Não pode e não deve ser olvidado. Há muitas lições na história da empresa, não percebidas como tal, mas responsáveis pela existência da empresa, a mesma que acolhe e emprega os Y. Poderíamos visualizar a empresa como uma tenda de circo, armada em uma planície. Muitos de seus pilares e cabos são parte da Geração X e outras letras. Se forem retirados, podem deixar a lona inclinada ou mesma levada ao chão. Outros pilares são da Geração Y e igualmente têm importância na sustentação do circo.
A melhor imagem seria os X, etc. e os Y interagindo entre si, falando e ouvindo, escutando e aprendendo, estrumando o presente de forma que o futuro possa vir fértil, com agilidade, coragem, velocidade, e também prudência e experiência mescladas em um molde que liberasse a Geração Z, não como nova, mas como fruto da comunhão de X , etc. e Y. A nova realidade do ambiente de trabalho, as conquistas no campo da comunicação e da globalização, impõem a presença dos Y mas igualmente exige a participação dos demais. Estes devem buscar o entendimento deste novo tempo, veloz, múltiplo, interativo e informal, mas igualmente feliz.
Geração é composta de gente, não de máquinas. Porisso existe tanta identidade entre quaisquer delas. Não há como uma renegar a outra. Embora a princípio se pense que a X quer bloquear ou regular a Y, isto não é uma verdade generalizada. Vamos encontrar tanto nos Y como nos X muita gente que está com um pé no futuro, sentindo já o gosto de pertencer à Geração Z.
Esta é a melhor parte da história – a miscigenação das gerações, trazendo o entendimento que o caminho para o sucesso não é restritivo, embora muito competitivo. As gerações podem e devem se ajudar na caminhada. Mas a Geração X, etc. tem de se cuidar e observar com atenção os Y. Há muito que aprender com os mais novos, não só o jeito descontraído e rápido de buscar resultados, mas principalmente a emoção na conquista. Esta é inegavelmente a grande lição.
O futuro caminha para a Geração XYZ. Quem não entender isto, pode ficar sem futuro”.